Não é surpresa se eu disser que Ali Hazelwood acerta mais uma vez, e agora com Xeque-mate, uma história de romance entre jovens. Provando um ponto: os clichês funcionam, basta saber escrever.
Esqueça as histórias de romance adulto, mesmo com aquelas capas fofas. Se você ainda não conhece a autora, A hipótese do amor, A razão do amor e outros de seus títulos trazem histórias de romance centrados no mundo acadêmico com personagens já adultos.
Em Xeque-mate temos Mallory, uma garota de apenas 18 anos, ferrada de grana, com muitas responsabilidades e uma culpa imensa pela morte do pai.
Um dos pontos positivos dessa história foi o cenário. Mallory é uma jogadora amadora de xadrez, esporte que abandonou subitamente mas não diz ao leitor por quê.
Até ela precisar jogar novamente e enfrentar sem saber o número um do mundo, Nolan Sawyer. A partir daí a garota nos convida a entrar em um mundo curiosíssimo de campeonatos, disputas acirradas entre cérebros inteligentíssimos de pessoas com QI superior aos meros mortais e, claro, ambientes onde uma mulher se sente desconfortável.
Eu gosto muito disso nos livros da autora porque é quase como se como mulheres nos sentíssemos ao mesmo tempo vingadas e representadas. Existem personagens odiosos que entram na história só pra lembrar o quanto nunca estamos livres do machismo, mas ao mesmo tempo a história sempre leva esses homens pro lugar deles. Os outros personagens como as amigas e família da Mallory também dão um show a parte deixando o livro super leve e divertido.
"Estou sempre em meio a monólogos interiores intensos. Aprendi a me desligar do que acontece ao redor."
E essa é outra questão, em alguns momentos você se pega dando risadas com situações inusitadas da parte dos personagens ou o humor da própria Mallory. Mas algo que mais pro fim do livro começou a me irritar foi o temperamento dela de “meu Deus como eu sou culpada de tudo”, e claro um piti que passa um pouco do ponto, totalmente descabido. Mas devemos lembrar que ela só tem 18 anos e está em um ambiente totalmente novo com situações que nunca viveu, e sim, temos um personagens que faz tudo o que a gente quer: sacudir a querida e mandar ela acordar pra vida.
E você deve estar se perguntando: cadê o romance? Tem hot em Xeque-mate? A resposta é: não. Ok, eu também fiquei um tico desapontada como a simples cena lá pelos 75% do livro onde temos que nos contentar com um “e se amaram a noite inteira”. E não tem nenhuma cena descritiva, nadinha de nada MESMO. O que foi até bom depois que minha decepção passou, por que o foco central é o despertar da Mallory, uma mudança de vida brusca, se conhecer e resolver questões para que ela pudesse começar de verdade a viver.
Sobre o mocinho, eu amei o Nolan mas senti falta de ver mais dele no desenrolar da história. Ele é nota 10 na questão de ser um homem decente, fofo e tudo de bom (leia: gostoso. Plus: ainda é inteligente). Digamos que ele é rendido pela Mallory desde sempre mas deixa ela surtar sozinha e dá o tempo que ela precisava pra perceber que ele gostava dela desde a primeira vez que jogaram juntos.
"Fica - Ele se inclina na minha direção, hálito quente, lábios rachados contra minha têmpora - Você nunca fica."
E isso também tem a ver com o fato já mencionado: a história é mais sobre as questões da Mal do que sobre se apaixonar e romance. O que deixa a história leve e ao mesmo tempo não falta nada.
Só uma coisa me incomodou: o fato da personagem ser acima da média, de novo. Eu como leitora da Ali sinto falta de uma mulher comum, gente como a gente, com nada a oferecer ao mundo só vivendo sua vida e tendo crises existenciais. Mas também entendo que seja uma marca da autora, debater assuntos importantes trazendo à tona um pouco do mundo dela também (Ali é cientista).
Dito isso, essa é uma ótima história pra sair da ressaca literária, se divertir e ainda ficar com um quentinho no coração. Digamos que eu quase chorei em um capítulo. Tem a dose certa de tudo, e ainda traz um mundo completamente novo e empolgante, o do xadrez, sinceramente, deve ser bem divertido. Nolan não entrou no meu top 3 de personagens da autora que eu queria casar, mas ele está bem ali na lanterna, tudo que depôs contra ele foi a idade! E eu diria que a Mallory me irritou um pouco, mas superadas todas as crises eu seria não tão amiga dela, mas uma admiradora do seu talento para jogar xadrez. O destaque mesmo fica com a irmã mais ia nova, Darcy, e toda a família da Mal, muito fofas.
Sinopse:
Mallory Greenleaf não quer mais saber de xadrez. Desde que abandonou o esporte há quatro anos, se preocupa apenas em manter o emprego medíocre numa oficina mecânica para conseguir cuidar da mãe doente e das irmãs mais novas.
Tudo muda quando ela se obriga a participar de um torneio beneficente e, sem querer, derrota o atual campeão mundial, Nolan Sawyer.
A notícia de que Nolan perdeu para uma novata desconhecida deixa o mundo do xadrez em choque. E o pior: ele mal pode esperar para enfrentá-la de novo. Mas Mallory não está nem um pouco interessada nisso.
Só que o sucesso inesperado também representa a chance de ganhar prêmios. E, apesar de tudo, ela não consegue evitar a atração pelo enigmático enxadrista…
Quando o amor pelo esporte que ela tanto quer odiar começa a dominá-la de novo, Mallory logo percebe que nem toda disputa acontece no tabuleiro, que a fama é mais difícil do que parece e que às vezes o xeque-mate é só o começo.
Ficha técnica:
Título: Xeque-mate
Título original: Cheque & Mate
Autor (a): Ali Hazelwood
Editora: Editora Arqueiro
Número de Páginas: 336
Ano de Publicação: 2023
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