Evelyn Hugo, a atriz mais famosa de Hollywood na década de 1960, se casou 7 vezes e decidiu contar sua história exclusivamente para a jornalista Monique Grant. O que uma atriz que vivia nas capas das revistas e era mundialmente conhecida ainda tinha para contar que todo mundo já não soubesse?
Conteúdo:
ToggleDescubra agora
Evelyn Hugo, a atriz mais famosa de Hollywood na década de 1960, se casou 7 vezes e decidiu contar sua história exclusivamente para a jornalista Monique Grant. O que uma atriz que vivia nas capas das revistas e era mundialmente conhecida ainda tinha para contar que todo mundo já não soubesse?
Foi difícil começar a escrever sobre esse livro, a melhor leitura que eu fiz no ano passado (2020). A história aborda tantos temas interessantes de serem discutidos que seria melhor ir destrinchando ponta a ponto. Muito mais do que os sete maridos de Evelyn, essa narrativa é além do que se vê e, justamente, sobre como pensamos saber muito da vida de outra pessoa com base no que ouvimos sobre ela.
A autora, Taylor Jenkins Reid, usou um pano de fundo maravilhoso ao pegar emprestado um tema que muita gente tem tanta curiosidade: o mundo dos famosos. Quem nunca foi fã de alguém? Dando um exemplo bem simples, eu achava que sabia tudo sobre cada detalhe da vida dos ex RBDs, por exemplo. Nesse livro a autora vai abrir nossos olhos para essas pequenas falsas ideias que temos a respeito de ídolos e das pessoas de modo geral.
Taylor Jenkins teve ainda a ousadia de escrever a personagem mais real que eu já li. E quando comecei a mergulhar na história eu, de fato, tive dúvidas se o livro não era a biografia de alguma atriz (li sem saber da sinopse). Cada detalhe da vida da Evelyn se parece tanto com o que já ouvimos falar de atrizes famosas, como detalhes de tapete vermelho e cenas de filme, que fica difícil não ser convencida.
Sem estereótipos a história tem representatividade do início ao fim e a cada página é uma rasteira, que nos alerta para uma questão: não temos direito de apontar ou pensar que sabemos sobre a vida e a história de ninguém. Nada é o que parece ser.
Evelyn se tornou uma das minhas personagens preferidas. Foi difícil entender que ela não é uma pessoa real.
“Ninguém merece coisa nenhuma (…) a grande questão é quem tem disposição para ir atrás do que quer”. Evelyn se vendeu, sim. Em busca de realizar seu sonho e o da falecida mãe, ela enfrentou machismo, homofobia, hipocrisia e a podridão das pessoas. Para Evelyn, o fim justifica os meios e ela nunca se fez de santa – ao contrário, fez o que tinha que fazer, e com sinceridade e humor vai expondo os fatos como eles foram realmente e não como as revistas mostraram.
Por amor a sua carreira, em nome do seu sonho e para proteger o amor da sua vida, Evelyn escolheu vender o que compraram dela. Tudo isso por que ela é HUMANA. Falhou, mentiu, foi cruel, e tudo bem, porque no fundo todo mundo faz tudo isso, todo mundo é cruel em algum momento, só finge que não.
A maioria dos seus maridos nunca se casou com a Evelyn de carne e osso e sim com a Evelyn dos filmes “As pessoas vão para a cama com a Gilda, mas acordam comigo”, a frase da atriz Rita Hayworth, que interpretou Gilda no cinemas nos anos 1940, entra nessa história no momento em que Evelyn percebe que todo aquele tempo ela foi um par de peitos e um objeto de desejo e nem isso pode derrubá-la, pois atrás da máscara existiam sentimentos dos quais ela nunca desistiu.
Por fim, Evelyn lutou para ter a vida que sempre sonhou, conseguiu, e foi impedida de viver seu grande amor quando, em fim, o encontrou e resolveu ser sincera com seus sentimentos. Quando, já mais madura, passou a pesar o que realmente valia a pena. E nesse ponto o livro traz uma carga de tristeza e se choca com o atual cenário, o que é mais perturbador ainda. Acontecimentos do passado que se parecem muito com o presente nos faz repensar e questionar coisas como a questão da homofobia e misoginia. É um misto de tristeza e angústia, que nos faz sentir na pele o drama de uma personagem que poderia muito bem ser qualquer atriz famosa que está na tv agora mesmo.
Acho que Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é um grande tributo a todas as atrizes, atores e pessoas do mundo da fama que não conseguem viver suas vidas como querem, e se sacrificam em nome do entretenimento, em busca de um sonho. Também é um ensinamento. Que direito temos de julgar alguém com base no que ouvimos ou vemos? Até que ponto sabemos qualquer coisa sobre a vida do outro? No fim, todos merecem ser felizes e tem direito de viver sua vida em paz.
A autora, Taylor Jenkins Reid, também escreveu outros romances e alguns deles são: Daisy Jones & The Six, Amores Verdadeiros, Em outra vida, talvez?. E vale dizer que eu já li quase todos.
Ficha técnica
Título: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo
Título original: The Seven Husbands of Evelyn Hugo: A Novel
Autor: Taylor Jenkins Reid
Editora: Paralela
Número de Páginas: 360
Ano de Publicação: 2017 | Brasil: 2019
Gênero: Romance
Compre: Amazon
Informações extras
Eu adoro ver como ficaram os nomes dos títulos e as capas das publicações de outros países. O título original The Seven Husbands of Evelyn Hugo, pelo que encontrei não foi muito modificado. Por exemplo, em espanhol é Los siete maridos de Evelyn Hugo. Já as capas, eu AMEI a edição brasileira. Sei lá, nunca achei que combinar rosa e verde ficaria bom, mas eu gostei.
Trago também outras duas capas. A primeira é da edição exclusiva da TAG Experiências Literárias. E a segunda da edição polonesa, que eu nem gostei tanto assim mas achei o olhar da modelo na foto bem condizente com o drama.
Assista
No meu canal já tem vários vídeos referentes aos outros livros da autora. Se quiser saber mais sobe ela ou as adaptações que estão por vir, veja o vídeo a seguir