Amor, teoricamente é novo romance de Ali Hazelwood, autora de A hipótese do amor, e promete muita comédia, disputas caóticas em ambiente acadêmico, namoros de mentira e muito romance.
Eu não consigo me enganar e dizer que vou ser imparcial com “Amor, teoricamente”, nem que irei apontar pontos positivos e negativos na história, por que, sinceramente, esse livro foi perfeito do início ao fim. Ou seja, pra mim a única coisa negativa foi ter terminado de ler tão rápido.
Nem consigo ser suficientemente coerente como em todas as resenhas, com início, meio e fim, já que eu passei o livro inteiro ora como uma adolescente de 17 anos suspirando e tendo reações físicas, entre gritos e sons que não consigo colocar em palavras, exemplo “awwwwwwwn”, que soavam como se eu estivesse lendo uma coisa realmente muito fofa e impressionante. O que de fato o livro é!
Sério, que romance foi esse? O Melhor da autora, com toda a certeza. Jamais pensei que fosse dizer que algum título dela fosse superar “A hipótese do amor”, primeiro livro, onde também tive reações parecidas com os personagens Adam e Olive.
Mas aqui, em AT (Amor, teoricamente) o termômetro de um romance EXPLODIU. O que dizer da Elsie, uma mulher que a vida inteira tentou se anular pra agradar todo mundo, a ponto de quase desmaiar com o nível de insulina baixo só pra “não incomodar”, passa perrengue financeiro e emocional dando aula em três escolas como professora e precisa mentir que não ama Crepúsculo, só por que as pessoas não conseguem suportar nenhuma versão diferentes do que elas querem ouvir em relação a críticas contrárias (e ainda consegue trabalhar em um aplicativo de acompanhante, como bico pra cobrir suas desepesas). Tudo isso sendo uma mulher 100% capaz, inteligente e brilhante.
Essa personagem é aquelas que eu queria sentar e bater papo, que ia me entender completamente. Em vários pontos da história queria gritar “EU SEI, AMIGA, SOU 100% ESSA PESSOA TAMBÉM”.
Elsie é uma física impossivelmente talentosa, engraçada e autodepreciativa. Nenhuma personagem poderia ser medíocre quando começa sua história com essa frase:
"Ao longo da vida ,experimentei arrependimento, constrangimento, talvez até uma leve angústia."
Todo o arco narrativo da Elsie é tão sensacional; a forma como ela se dobra e tem dificuldade em ser ela mesma e ainda assim cria um terreno em torno de si como uma pessoa absolutamente agradável, e mesmo assim ninguém está vendo. Ela fica a deriva na vida e seu lado profissional está completamente comprometido. Uma das personagens mais trabalhadas e com mais evolução do longo da narrativa.
Ali Hazelwood sempre traz em seus romances coisas do mundo acadêmico que são questionáveis e asquerosas, como o machismo, assédio, as mulheres que não são respeitadas, principalmente no meio científico, e isso tudo faz com que o leitor se identifique, mas aqui em AT ela trouxe uma coisa que eu e você com certeza já passamos, a injustiça do mercado do trabalho e como alguns processos são desastrosos, forjados, acabam com nosso emocional e nos faz perder tempo só pra depois voltar a estaca zero.
A relação de abuso emocional que Elsie passa com seu orientador nojento não fica muito abaixo do absurdo que as vezes muitos passam com processos seletivos desumanos e catastróficos, que levam nossa esperança lá em cima pra depois precisarmos catar os cacos da decepção e continuar seguindo a vida pensando no que poderia sido caso tivéssemos conseguido o emprego. E precisamos seguir um dia após o outro, afinal somos adultos, e as vezes não sobra tempo pra chorar.
"Sem querer ser estraga-prazeres, mas estou começando a desconfiar que a vida nem sempre é do jeito que a gente quer. É inevitável perder a fé"
Isso é outra coisa que gosto muitos nos romances da Ali, seus personagens tem questões como todo ser humano, traumas, problemas, mas isso não os define nem faz com que eles tomem atitudes estúpidas em prol dos traumas, o que se aproxima mais da realidade do que muito romance que pauta tudo em cima de traumas e justifica atitudes repugnantes, principalmente por parte dos personagens masculinos, como “ah, ele sofreu demais” – o que me fez ler cada vez menos romances contemporâneos ao longo do tempo.
Ok, já escrevi o suficiente da história, fingindo não estar adiando o momento de rasgar elogios para ele, A ESTRELA DO LIVRO, O QUE TORNOU IMPOSSÍVEL PRA QUEM PROCURAR A PERSONIFICAÇÃO DO PERSONAGEM NA VIDA REAL, sério, eu tenho pena que quem quiser achar um Jack fora dos livros, deseje saúde e boa caça.
MEU DEUS, QUE HOMEM!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Fiquem com algumas descrições dele:
"E aí aparece esta muralha com cabelos cor de areia, trinta centímetros mais alto que seu parente mais alto, com traços masculinos clássicos e voz grave e cortante"
“Não sei exatamente qual é o lance dele. Tem um quê de bad boy, uma pitada de mistério, uma dose de suavidade. Além de certa voracidade, um ar rústico, bruto. E o mais importante: ele parece descolado. Descolado demais até para ser descolado. Como se no ensino médio ele tivesse trocado a festa de formatura por uma exposição de arte no Guggenheim e, mesmo assim, ainda conseguisse ser eleito rei do baile. Jack parece distante. Desinteressado. Confiante por natureza. Carismático de uma maneira intrigantemente opaca e inacessível.”
“A cara feia de Jack transmite sua falta de familiaridade com o conceito de felicidade.”
“A cama de Jack tem cabeceira, diferentemente da de outras pessoas mais básicas (eu). E um edredom azul, lençóis escuros que combinam com o tapete e um colchão que provavelmente está alguns níveis acima de um tamanho king. Tamanho imperador? Tamanho dominador galáctico? Não tenho a menor ideia, mas aposto que ele mandou fazer sob medida. Aposto que o carpinteiro deu uma boa olhada em Jack e disse: “Vamos precisar da madeira de um pinheiro-de-huon de mil anos para uma monstruosidade como você. Partirei à Tasmânia em meu esquife ao nascer do sol.”
Esses são alguns trechos, mas nem assim vai ser possível descrever tudo que esse ser monumental-inteligente-perfeito-GOSTOSO fez pela Elsie, ele praticamente SE DOBROU PRA ELA O LIVRO INTEIRO. E sabe o que é melhor? Conseguiu fazer isso de maneira completamente aceitável, o que é difícil pra homens, vamos falar a verdade…
Não sei se posso concordar que esse é um romance clichê. Não tem nada de clichê aqui, as pessoas que estão com a expectativa bem abaixo, na minha sincera opinião. O amor como deve ser, paciente, sincero e cheio de sexo safado! E em meio a tudo isso a vida dos personagens acontecendo.
Dessa vez a trope “inimigos para amantes” não foi levada tão a pé da letra assim, ou pelo menos foi muitíssimo bem trabalhada. Elsie odiava Jack, sim, mas de uma maneira que de fato não deixava brechas para coincidências e teorias baseadas em nada (como acontece em algumas histórias), tudo muito plausível e uma raiva realmente muito genuína, a ponto dela declarar guerra e todos os sofrimentos possíveis – e depois ter ido parar na cama dele, mas ok, ninguém é de ferro!
Ao longo do livro a autora também consegue ser bem sagaz, com o tom exato de ironia, piadas muito engraçadas marcada com diálogos divertidíssimos e bastante referências da cultura pop.
"Eu amo Crepúsculo ainda mais do que queijo, mas posso segurar meu TED Talk sobre por que Alice e Bella deveriam ter deixado todos aqueles idiotas para trás e cavalgado rumo ao pôr do sol"
Os personagens secundários – os melhores dos três livros, sinceramente – incluem uma família podre de rica descompensada, outra desestruturada, amigos inteligentes e incrivelmente agradáveis. Também um personagem especialmente digno de ter um livro só pra ele (O Greg! E a George? E TODOS? Sério eu quero muito mais livros da Ali).
E qual não foi a minha surpresa quando me deparo também com um crossover, algumas páginas deliciosas com a presença de personagens que AMAMOS dos outros livros do “Aliverso”. Sinceramente eu que não gosto de conversa (depende da pessoa…) só queria estar lá com as duas melhores personagens em livros de romance que já vi nos últimos tempos.
Mas digo com total confiança: Olive, meu coração é todo seu. E o resto de mim INTEIRA, do Jack, que homem, preciso repetir QUE-HOMEM.
Claro que nesse romance temos sim final feliz, declarações água com açucar e banho gelado… A parte hot atingiu níveis muito altos (ainda que “A razão do amor” tenha ganhado na safadeza, ou os dois estejam equilibrados no mínimo).
Nesse livro você encontra muito perrengue acadêmico, muito dilema pessoal, romance que AQUECE MUITO O CORAÇÃO, QUASE FERVE SEU CORAÇÃO, escrita deliciosa, ambiente acadêmico do jeito que estamos acostumados nos livros da autora e a história mais longa que ela já escreveu. Aqui o conflito “se resolve” de forma até muito rápida, mas a história continua pelas páginas seguintes trazendo uma construção dos personagens que foi nota 10.
A única parte ruim é que vai ficar difícil eu achar qualquer coisa que chegue aos pés dessa leitura, por favor me indiquem.
E a menção honrosa fica por conta da tradução, feita pela Roberta Clapp. A pessoa que consegue traduzir “iXota” se tratando de um iPhone (você não precisa saber o contexto sem ler!) é digna de nota, sinceramente, acho que boa parte das minhas risadas sem devem a essa perícia de colocar em palavras exatamente o que eu estava sentindo quando li e tornar o mais “abrasileirado” possível.
Se ainda não falei o suficiente, leia esse livro, leia os outros da autora. Se você quer se perder em um romance de tirar o fôlego, leve, divertidíssimo e bem safado, Amor, teoricamente é o que você procura.
E se ficou alguma dúvida, 5 estrelas e favoritado!!!!!!!!!!!!!!!!
Sinopse:
Dois físicos rivais colidem em meio a um turbilhão de disputas acadêmicas e caóticos namoros de mentira nesta nova comédia romântica da autora de A hipótese do amor.
“Ali Hazelwood é uma verdadeira potência dos romances.” – Christina Lauren, autora de Imperfeitos
Elsie Hannaway é uma física teórica que passou anos de sua vida moldando diferentes versões de si mesma. Em alguns dias, ela trabalha como professora adjunta, na esperança de conseguir um emprego melhor. Em outros, compensa seu ridículo salário oferecendo serviços de namorada de mentira, aproveitando sua habilidade de se adaptar exatamente ao que os outros querem dela.
Apesar das dificuldades, ela consegue equilibrar bem seu cuidadoso “Elsie-verso”… até que ele começa a desabar. E o culpado é Jack Smith, o irritante e atraente irmão mais velho de seu cliente favorito, que acaba se revelando um importante físico experimental e um possível obstáculo para o emprego dos sonhos de Elsie.
Ela está pronta para uma guerra declarada de sabotagens acadêmicas, mas não está nem um pouco preparada para aqueles olhares demorados e penetrantes. E logo ela percebe que não precisa fingir ser outra pessoa quando está com Jack.
Será que ser atraída pela órbita de um cientista vai enfim fazê-la colocar em prática suas mais secretas teorias sobre o amor?
Ordem dos livros da Ali Hazelwood por ordem de publicação:
A hipótese do amor
A razão do amor
Amor, teoricamente
Contos:
Coletânea eu odeio te amar
Assista aos vídeos falando dos livros anteriores:
Ficha técnica:
Título: Amor, teoricamente
Título original: Love, Theoretically
Autor (a): Ali Hazelwood
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 368
Ano de Publicação: 2023
Compre o livro: Amazon
- O que é Crossover
Quando dois ou mais personagens, cenários ou universos de ficção de livros diferentes se encontram ou aparecem em outra história do mesmo “universo”.
Por exemplo, dois personagens de A hipótese do amor fazem participação em Amor, teoricamente (e coisas relacionadas a Razão do amor também são mencionadas).